O faz-de-conta, os jogos, as brincadeiras em grupos e as brincadeiras individuais são recursos fundamentais para que as crianças desenvolvam capacidades importantes para entender e significar o mundo. A partir da brincadeira, a criança socializa, imita, imagina, interage, utilizando e experimentando as regras e os papéis sociais. Ao brincar, a criança expressa, comunica e reelabora suas experiências vividas, aprendendo sobre si mesma e sobre os significados culturais do meio em que está inserida. Entendemos que a brincadeira representa, nesse sentido, um avanço para crescer.

Ao mesmo tempo, brincando, a criança constrói um mundo próprio, um mundo novo, aberto às possibilidades imaginativas, criativas, incertas e inúteis de compor a infância. Há, aqui, uma brincadeira que não exige explicações e intervenções pedagógicas. Uma brincadeira que se abre à poesia, às invenções e à liberdade de apenas ser infantil nas experiências do aqui e agora.

É, nesse sentido, que localizamos a brincadeira mais próxima ao campo da poesia, da filosofia e da criação.

As atividades diretas complementam o trabalho dos professores no sentido de ampliar e de aprofundar os conteúdos curriculares específicos de cada Grupo. Vale lembrar que são atividades elaboradas pelos professores e atendem diretamente às questões individuais e coletivas de seus estudantes.

A maior parte das escolhas didáticas utilizadas nas aulas de Artes do Corpo provém da linguagem da Dança. No entanto, a finalidade maior dessas aulas não é produzir dança. A proposta é fazer um trabalho de iniciação artística na área da linguagem corporal, dar espaço e suporte para que o estudante possa se movimentar livremente, experimentar o próprio corpo sem certo ou errado, proporcionar outros padrões perceptivos, sair da rotina de percepção que estigmatiza e engessa a linguagem corporal. Nesse sentido, as aulas de Artes do Corpo são um tempo durante a semana em que o estudante volta seu olhar, suas sensações e suas criações para o próprio corpo, para os corpos que o acompanham num determinado espaço e para o espaço em que as aulas acontecem.

Entendemos a Capoeira como manifestação cultural, apresentando-se, enquanto linguagem, como produtora de sentidos e possibilitando a tessitura de interpretações diversas, a partir da reflexão sobre a origem, as vertentes e os possíveis diálogos com a sociedade de maneira geral. Por meio das cantigas populares e das cantigas características da capoeira, o estudantes vivenciam os gestos corporais específicos, golpes, movimentos, musicalidade, além de dialogarem com as brincadeiras infantis. A brincadeira não é um meio, é um fim, visto que não objetivamos fomentar capacidades e habilidades nos estudantes, mas sim estabelecer relações e possibilitar que esses teçam suas interpretações sobre a capoeira a partir de seu capital cultural.

Nossa proposta musical encontra uma equipe criativa e disposta a buscar e experimentar alternativas, de forma planejada, propiciando a transdisciplinaridade entre as linguagens artísticas e o espaço garantido para a especificidade da linguagem musical. Como diria o músico e educador Hans Joaquim Koellreuter, que estabeleceu como meta da sua pedagogia musical o desenvolvimento pleno, a formação integral do indivíduo por meio da música, “o professor não deve ensinar nada, e sim fornecer objetos e instrumentos que soem para que as crianças o conquistem. Deve propiciar oportunidades para a investigação e a pesquisa experimental da voz e, simultaneamente, dos instrumentos”. Entendemos a necessidade de ter clara uma perspectiva metodológica, planejar as aulas, os conteúdos a serem trabalhados, objetivos, recursos didáticos etc. Tudo isso numa perspectiva pedagógica aberta ao acontecimento. Ao que flui em cada agrupamento, a cada novo dia. O planejamento passa pelas relações individuais e coletivas, e está ligado transversalmente por meio de todo o currículo escolar.

A linguagem das artes visuais nos ajuda a compreender, comunicar e nos aproximar do mundo. Por meio dela, as crianças traçam um percurso de criação e construção individual que envolve escolhas, experiências pessoais, aprendizagens, afetos e parcerias. Nossa proposta, no trabalho de artes, permeia atitudes apreciativas, contemplativas, críticas, de respeito e de ampliação de repertório.

Este tipo de trabalho pode ser sugerido pelos estudantes ou pelo professor. O Grupo traça um esquema de conteúdos e conceitos que quer tratar e o professor coloca os diferentes objetivos por meio de atividades, contemplando diferentes leituras de mundo. Assim, deslocamos a ideia de se aprender “sobre” e assumimos a função de aprender e ensinar “com”. Os temas podem variar de Grupo para Grupo, de período para período, pois seguem a dinâmica e os acordos entre professores e estudantes. Podem tratar de assuntos sobre questões cotidianas, surgidos de conversas sobre reportagens, histórias, fatos marcantes, ou serem relacionados com temas que envolvam histórias (Egito, Grécia, Roma, mitologia, Brasil etc.), ciências (animais, fenômenos naturais, plantas etc.) ou outras questões com as quais possamos relacionar as diferentes áreas. A partir de um tema de trabalho, podemos abordar as questões centrais de matemáticas, estruturas e literaturas da língua portuguesa, músicas, corpo, artes.

Consideramos fundamental que os estudantes construam uma relação duradoura com suas produções, percebam os diversos movimentos de suas próprias criações e como esse percurso modifica o produto final. ISSO É AVALIAR! Para isso, ao longo da semana, desprendemos de um tempo para que nossos estudantes possam pensar e se dedicar as suas produções. Dessa forma, respeitamos as singularidades existentes na relação estabelecida frente ao conhecimento.

Desde a mais tenra idade, as crianças vivenciam vários eventos de letramento. Proporcionamos um contato diário com diversos portadores de escrita: livros de histórias, reportagens de jornais e revistas, receitas, letras de músicas, cartas etc. Ler e escrever para proporcionar suspiros com letras, respiros profundos com pontos, desgostos com frases e saberes com as composições. Criança aprende a escrever quando as letras deixam de ter o peso das palavras que querem significar. Cada um lê o mundo de forma diferente e merece ser respeitado por isso. Alfabetização é um longo caminho, que não começa com a decodificação das letras e nem termina quando aprendemos a lê-las. Aprende bem quem lê e escreve muito. É importante proporcionar para a criança momentos de escrita, vários. Uma escrita livre, para “soltar a mão” e a imaginação… Escrever espelhado, de ponta-cabeça, com letras trocadas, faz parte da conquista da escrita.

Assim como a fala, a escrita, a dança e os gestos, entendemos o desenho como uma linguagem. Linguagem que a criança descobre no prazer do gesto e na possibilidade de deixar uma marca. Gestos e marcas que permitem cores, que contam histórias, que se fazem presentes. A criança experimenta com a fala, com o corpo, com o desenho. Explora, brinca com essas linguagens… Dá forma, conteúdo, transforma-se a partir dela. E, como todas as linguagens, o desenho também quer dizer, quer comunicar, quer contar algo. É assim que, da mesma forma que a palavra (inicia-se solta, desconectada, descontextualizada), o desenho se transforma: das garatujas às bolinhas… das bolinhas às primeiras figuras humanas… das figuras humanas aos personagens criados, às árvores, castelos, cachorros, aos detalhes… O desenho ganha forma e cor e passa a expressar para o mundo dizeres da gente.

Investimos na parceria entre casa e Escola. Incentivamos a participação efetiva dos familiares desde a adaptação da criança na Estilo até a sua formação. Promovemos o contato direto entre as famílias e professores para que, não só conversem e opinem a respeito de suas(seus) filhas(os), mas também esclareçam dúvidas sobre os conteúdos trabalhados em sala de aula. Acreditamos que essa relação promove uma parceria duradoura e saudável e que beneficia a vida escolar de nossos estudantes.