Todo mundo gosta de falar que escola não pode ter muros. O muro não é, lógico, o físico, mas o muro imaterial, a relação. As escolas reproduzem uma artificialidade em seus discursos sobre a cidade, sem conexão com a mesma. Bem, temos, lá na Estilo, várias ações que levam os estudantes a ocuparem a cidade que moram. Outro dia, as crianças de cinco anos foram dar uma volta pelo trem da Marginal Pinheiros. Olhar a cidade, conhecer formas diferentes para eles e elas de se locomover. Não para conhecerem o trem, mas para pensarem sobre o transporte coletivo. Outra turma, agora de crianças de 9 anos, foi pedalar pela ciclofaixa perto da escola. Sim! Transportes que têm de deixar de serem alternativos e passarem a ser opção 1 para nos locomovermos e nos relacionarmos com a nossa cidade. Ensinar a habitar, ensinar a olhar onde vivemos é romper esses muros. Afastamo-nos por medo, devemos nos aproximar por amor!
Por Marcelo Cunha Bueno
Inspirado pela mãe, professora, a imersão de Marcelo Cunha Bueno no mundo da educação começou aos 15 anos, como estagiário da Escola Viva. Aos 19, entrava na sala de aula como professor-auxiliar. Graduou-se em Pedagogia em 2007, pelo Instituto Singularidades (Isesp), e em 2012 fez uma especialização na Universidade de Harvard _ Mind, Brain, and Education (MBE) Program. Além de pedagogo, Marcelo cursou Psicologia na Universidade Mackenzie e é um curioso leitor e estudante de Filosofia, tendo participado de cursos de extensão e grupos de estudos sobre o tema no Brasil e na Argentina.
Em 2013, Marcelo criou a escola Estilo de Aprender, em São Paulo, da qual é diretor pedagógico. Coordena, na Estilo, o projeto Teia de Saberes, um espaço gratuito de qualificação e formação pelo qual já passaram mais de 1.000 professores de escolas públicas e particulares.
Foi apresentador do programa Vigiando a Vovó, na GNT, é colunista mensal da Revista Crescer, autor dos livros Sopa de Pai e Chão da Escola.