Hoje em dia, é comum lermos ou ouvirmos a educação inovadora e a inovação de modo geral sendo tratadas como questões relacionadas com a tecnologia (única e exclusivamente). Nós, no entanto, acreditamos que inovação de verdade diz respeito à volta da simplicidade nas relações humanas. Na simplicidade, conseguimos nos conectar ao que realmente importa. E, dentro de uma escola, quando falamos em educação, não nos referimos apenas ao conteúdo pedagógico, mas (e principalmente) ao relacionamento.
É importante lembrarmos que os primeiros grupos humanos viviam em comunidade e se organizavam no sistema de trocas: alguém que tinha mais milho, por exemplo, trocava por peixe com uma outra pessoa, e assim por diante. O objetivo, na época, era buscar apenas o necessário para sobreviver, sem explorar demais a natureza, com foco nas trocas, não apenas de mercadorias, mas também de conhecimento. Ouro, prata e dinheiro só entrariam na jogada muitos anos depois.
Ressignificar nossa relação com as pessoas ao nosso redor e com o mundo em que habitamos nada mais é que um retorno às origens. E estamos cada vez mais nesse caminho. Segundo um levantamento feito neste ano pela OLX, por exemplo, o número de pessoas que negociaram itens no site especializado em trocas on-line nos últimos três anos no Brasil aumentou 392% – 70% ao ano.
Além disso, cada vez mais gente está retomando os chamados “hábitos dos tempos da vovó”, como o aproveitamento integral de quase tudo o que consumimos. Folhas de beterraba se transformam em uma rica e nutritiva salada; o leite coalhado se torna um delicioso doce de leite; as cascas da batata, um saboroso aperitivo; as sobras do almoço viram algum prato para o jantar, e os retalhos de pano fazem uma linda colcha ou uma manta.
A lógica é: ao invés de simplesmente descartar e comprar algo novo no lugar (muitas vezes, por pura compulsão), utilizar o máximo possível. O hábito, inclusive, integra a chamada Economia Circular, um conceito baseado na inteligência da natureza em que nada se perde, tudo se renova, e que incentiva a adoção de práticas de consumo mais conscientes e que gerem menos impacto ao meio ambiente. Um pensamento realmente inovador que pode transformar o mundo em que habitamos.
Aqui na Estilo, o aproveitamento máximo das coisas está presente no dia a dia das estudantes e dos estudantes. Caixas de papelão viram coletoras para materiais recicláveis ou suporte para uma série de atividades, substituindo folhas de papel cartão ou cartolina, por exemplo; bandejas de isopor para frios são reutilizadas em atividades de xilogravura; roupas velhas (e que não estão em bom estado para serem doadas para outras pessoas) se transformam em grandes tecidos, que, posteriormente, servem de base para a confecção de tapetes, almofadas e outras atividades.
Mais que um exercício prático do consumo consciente, a nossa proposta é oferecer às estudantes e aos estudantes a oportunidade de inverter a noção de aprendizado em vigor em nossa sociedade, na qual o conhecimento é apresentado sem processo e o saber é vendido como um produto a ser consumido. Ao fazer alguns dos materiais utilizados em sala de aula, as estudantes e os estudantes não apenas estimulam a criatividade, como também vivenciam um aprendizado muito mais genuíno. Uma educação verdadeiramente transformadora.