Será que as escolas pensam nos porquês de as famílias deixarem seus espaços em busca de novas alternativas? O que significa perder um estudante? Faço-me sempre tal pergunta. Muitas vezes, vejo educadores falando mal de famílias que abandonam suas escolas. Dizem que não entenderam a proposta, que não têm o perfil da escola, que são chatas e ninguém faz questão que fiquem. Normal. Mas seria bom se parássemos para nos repensar quando isso acontece. Porque a escola precisa sair de seu pedestal e se colocar no lugar de quem entrega a vida de suas crianças. Não digo que a escola deva fazer a vontade das famílias, mas que cada saída é um motivo para sermos diferentes. Procuro saber de cada família os motivos pelos quais abandona a minha escola. Sem rancor, ressentimento. Com gratidão, por me darem a chance de ser melhor.
Por Marcelo Cunha Bueno
Inspirado pela mãe, professora, a imersão de Marcelo Cunha Bueno no mundo da educação começou aos 15 anos, como estagiário da Escola Viva. Aos 19, entrava na sala de aula como professor-auxiliar. Graduou-se em Pedagogia em 2007, pelo Instituto Singularidades (Isesp), e em 2012 fez uma especialização na Universidade de Harvard _ Mind, Brain, and Education (MBE) Program. Além de pedagogo, Marcelo cursou Psicologia na Universidade Mackenzie e é um curioso leitor e estudante de Filosofia, tendo participado de cursos de extensão e grupos de estudos sobre o tema no Brasil e na Argentina.
Em 2013, Marcelo criou a escola Estilo de Aprender, em São Paulo, da qual é diretor pedagógico. Coordena, na Estilo, o projeto Teia de Saberes, um espaço gratuito de qualificação e formação pelo qual já passaram mais de 1.000 professores de escolas públicas e particulares.
Foi apresentador do programa Vigiando a Vovó, na GNT, é colunista mensal da Revista Crescer, autor dos livros Sopa de Pai e Chão da Escola.