Adoro levar o meu filho ao restaurante! Sempre o levei! Desde bem pequeno. No começo, ele ficava dormindo, estendido em duas cadeiras ou num sofá. Depois que ficou mais velho, começou a se interessar pelos cardápios, não pela comida, mas por gostar de nos imitar lendo-os. Gosta de conversar com o garçom, vê-lo abrir o vinho e, principalmente, quando chegam os pãezinhos com azeite! É um deleite! Levo brinquedinhos para ele. Jamais eletrônicos. Fica brincando, come um pão, toma seu suco e conversa conosco. E gosto de ver outras crianças em restaurante também. Detesto lugares que impedem a vida real de ser vivida como ela é. Imagina uma praça que não pode mais idosos, uma escola só pra meninos? Essa ideia do mundo da criança, apartado do adulto, traz um distanciamento social sério (sim, claro que existem coisas de adulto e coisas de criança, mas estou numa esfera mais básica). Qual seria o lugar das crianças? No shopping? Confinadas nos clubes? Que espécie de pensamento é esse que afasta a possibilidade de crescermos nos lugares que a sociedade cria? Ir a um restaurante é uma forma de conhecer países, pessoas, culturas! Pelos pratos, pelos sabores e pelo afeto de sair para comer fora! E não estou falando de sair pra comer uma pizza ou hambúrguer. Isso, que falam que é pra crianças. Comida pra criança é comida boa, saudável, que merece ser feita pelos chefe da moda, nos restaurantes mais adultinhos.
Por Marcelo Cunha Bueno
Inspirado pela mãe, professora, a imersão de Marcelo Cunha Bueno no mundo da educação começou aos 15 anos, como estagiário da Escola Viva. Aos 19, entrava na sala de aula como professor-auxiliar. Graduou-se em Pedagogia em 2007, pelo Instituto Singularidades (Isesp), e em 2012 fez uma especialização na Universidade de Harvard _ Mind, Brain, and Education (MBE) Program. Além de pedagogo, Marcelo cursou Psicologia na Universidade Mackenzie e é um curioso leitor e estudante de Filosofia, tendo participado de cursos de extensão e grupos de estudos sobre o tema no Brasil e na Argentina.
Em 2013, Marcelo criou a escola Estilo de Aprender, em São Paulo, da qual é diretor pedagógico. Coordena, na Estilo, o projeto Teia de Saberes, um espaço gratuito de qualificação e formação pelo qual já passaram mais de 1.000 professores de escolas públicas e particulares.
Foi apresentador do programa Vigiando a Vovó, na GNT, é colunista mensal da Revista Crescer, autor dos livros Sopa de Pai e Chão da Escola.