RASTRO 2º ANO MATUTINO
Os Discursos Relacionais de 2018 iniciaram-se com muitos diálogos! Diálogos entre gerações, entre textos e contextos. Diálogos estabelecidos nas geografias do dia a dia, sobre pessoas e espaços que os rodeiam. Diálogos em sala de aula, imersos em escritos, ideias e imagens, que, juntos, formaram a base do nosso primeiro Período de Geografias do ano, cujo Tema foi “Modificações Geográficas na Cidade de São Paulo – Rios de São Paulo”, que, por sua vez, inspirou nosso Rastro inicial do ano: uma visita à Praça Dr. Otávio Perez Velasco.
O percurso até ela, contudo, começou a ser trilhado ao longo das aulas que antecederam o passeio, ao conhecermos e refletirmos sobre como os habitantes utilizaram-se dos rios do nosso estado ao longo da história recente e sobre as transformações ocorridas por conta desses usos (indevidos ou não), tanto na paisagem, de modo geral, como na vida das pessoas, de modo mais específico. Afinal, para que serve um rio?
Em paralelo, estudamos as canalizações de rios que ocorreram nas últimas décadas, suas motivações e consequências. Com base em estudos recentes, as estudantes e os estudantes fizeram leitura de mapas (dentre eles, aquele na entrada da Estilo!) que mostram que existem mais de 200 rios na nossa cidade — em sua maioria, canalizados. Embaixo desse asfalto, afinal, pode estar passando um rio!
E este foi o disparo para o nosso primeiro Rastro do ano. A visita à Praça, que é tão conhecida pelas crianças, dessa vez foi acompanhada pela surpresa de saber que, por baixo dela, passa um rio!
A experiência coletiva do des-cobrir integrou-nos a algo que foi literalmente coberto, mas cuja força e forma, de algum modo, ainda se conectou, provocou e se juntou ao coletivo. Para acompanhar o som desse rio, que está lá. Para coletar um pouco de suas águas (amarrando barbantes e descendo um baldinho!). Para saber que estar canalizado não significa, necessariamente, estar livre do esgoto e do descaso. Para intervir, colando peixes, dobraduras. Simples assim!
E, afinal, para que serve um rio? Para ouvir, descobrir. E que a nascente desse encontro deságue em outros rios. Que a foz dos nossos rios vire sempre uma nascente, um curso d’água que percorre! Que as geografias, coletivas e pessoais, plurais (com S!), transbordem gestos e gentilezas, e que estejam, cada dia mais, múltiplas, singulares, e perto de cada uma e cada um.
Daniel Libarino, Andrea Pires Magnanelli e Filippe Dotte