RASTRO GRUPO 4 VESPERTINO
“Vivendo, se aprende; mas o que se aprende, mais, é só a fazer outras maiores perguntas.”
Guimarães Rosa
Enquanto adultos estavam ocupados em pensar sobre a previsão do tempo, olhando o céu curiosos atrás de respostas, as crianças pulavam e gritavam: “Time rosa!! Time rosa!!! Time rosa!!!”, pela cor da camiseta. Algumas já se antecipavam e perguntavam sobre a autorização, sobre estar com o uniforme… É bonito notar a implicação das crianças em ir, pelo desejo de chegar!
Então, vamos! Andamos pela rua. As pessoas dentro dos carros parados no farol nos acenavam. Ocupamos um breve espaço de tempo, mas suficiente para nos relacionarmos com a cidade, com outras pessoas. Suficiente para que elas sorrissem para nós.
Durante o caminho a pé, as crianças recolheram algumas folhas e outros “achadouros”, como diria Manoel de Barros, que foram depositados dentro de um cesto.
Quando chegamos à Praça, foi uma grande euforia. Não é uma praça desconhecida, é a nossa Praça! As crianças exploraram o brincar livre, se dividiam entre os brinquedos, faziam do corpo o próprio brinquedo. Encontraram até um filhote morto de passarinho, o colocaram em uma folha, junto com uma amora, e o deixaram dentro de uma árvore oca. Enquanto isso, outras crianças brincavam na gangorra, no balanço, de pega-pega.
Olhamos o céu novamente e nós, adultos, concluímos: é hora de partir! “Mais 5 minutos, vai!”. “Tudo bem, combinado!”. Aproveitaram até o último segundo dos cinco minutinhos para voltar… aperta o passo, dá a mão, espera a outra criança, agora vamos!
Algumas gotas começaram a cair, já estávamos muito próximas e próximos da Estilo, e ouço as crianças cantando “Chuva, chuva, vá embora, já chegou a sua hora!!!”.
Voltamos à escola, tomamos lanche e abrimos uma roda para falar sobre tudo o que havíamos vivido naquela tarde. As crianças estavam entusiasmadas, o passarinho foi lembrado… Uma fala de agradecimento por estar próximo à escola nos primeiros pingos de chuva! Que aventura!! “Eu adorei ir à praça para brincar!”.
No dia seguinte ao passeio, levamos o material recolhido até o Quintal, nos dividimos e montamos uma figura humana para observar do andar de cima, lá no Fundamental. Na primeira tentativa, não deu certo, voltamos ao Quintal, organizamos novamente a figura humana e voltamos a subir para ver… “Agora estou vendo! Eu consegui!!!”.
É uma fresta no tempo, que nos convida a olhar-viver as pequenas grandes aventuras da vida, seus ciclos e suas múltiplas perspectivas!
Vivian M. L. Lourenço, Andressa Nishiyama e Luana O. Arruda
Obrigado por compartilharem este rastro conosco! Adorei “espreitar” aqui um pouco dessas vivências delicadas que vocês estão a construir com as crianças… O vídeo e as fotos ficaram ótimas, e nada mais oportuno que ter citado o Manoel de Barros! Ele dizia que “as folhas das árvores servem para nos ensinar a cair sem alardes”, e vejo que é com este espírito que as crianças têm aprendido novas formas de se colocar no mundo. Que venham muitos outros rastros, com ou sem chuva!!! Beijos!