RASTRO 1º ANO MATUTINO
“O agora e o infinito
Só o que me interessa”
(Lenine)
Familiares do primeiro ano da manhã! Queremos dividir com vocês algumas palavras que ilustram um pouco do que vivemos no último dia vinte e cinco de setembro. Um rastro… que Rastro!
Preparamo-nos durante a semana anterior para o grande dia: andar, em grupo, no populoso Metrô de São Paulo. Montamos nosso mural inspiradas e inspirados nessa vivência, com linhas coloridas ziguezagueando o espaço e palavras escritas pelas crianças sobre o que esperavam encontrar. Colamos, juntas e juntos, os pássaros produzidos por vocês na reunião de familiares em polígonos, que nos serviram de fundo e de base para dar mais sustentação ao trabalho. Ensaiamos com professoras e professores da Estilo como seria a entrega dos pássaros em plena calçada da Avenida Paulista: o que vocês dirão na hora? E se a pessoa estiver com muita pressa e sequer parar para escutá-la(o)? E se o pedestre questionar “quanto custa esse trabalho”? Conversamos sobre a importância de nos adaptarmos à cidade, e não o contrário.
Foi um desafio grande. Para vocês, para nós e para as crianças. E, com muita organização, preparo e diálogo franco, conseguimos viver a Escola na Cidade e a Cidade na Escola – entendendo e respeitando as características de tempo/espaço pertinentes a cada lugar.
Nas plataformas das estações Vila Madalena e Trianon-Masp, caminhamos, antes e depois da escada rolante e da catraca, de olhos fechados e em fila, sob o piso tátil azul que é utilizado por deficientes visuais para orientarem-se. Em meio à correria do dia a dia, rotinas se entrecruzando nos passos apertados e acelerados, dissemos em alto e bom som, repetidas vezes: “Bom dia!”. E algumas micropausas aconteceram! Os passos velozes diminuíam e um sorriso tomava conta do rosto das pessoas, que, por vezes, nos retribuíam. Foi um acontecimento, uma brecha, uma pequena f(r)esta na rotina frenética daquelas pessoas. Inclusive para o “seu Vagner”, o Sílvio e o Pedro Machado, a equipe do Metrô que nos acompanhou na ida e na volta.
Na calçada da Paulista, emoção. Uma f(r)esta no planejamento do professor e da professora. Alegria, autonomia, organização, espontaneidade. Desejo de viver intensamente a relação. Com a(o) outra(o) – prosa curta, apresentação e convite: “aceita a(o) Zazu que nossas famílias produziram na reunião?”. Frustração por alguns “nãos” proferidos ali. Faz parte, é a rua. O “não” que faz crescer. Amadurece. Que gera incômodo e propulsiona o grupo para elaborar um novo convite. Ah! Que felicidade que sentimos quando a primeira pessoa aceitou a(o) Zazu! – inexplicável em palavras… êxtase coletivo! Comemoração, correria e muitos gritos e abraços (na paulista, segunda-feira de manhã). Vibramos uma(um) pela(o) outra(o), espalhamos um pedacinho do nosso fazer coletivo pela cidade. Um pedacinho das nossas letras, sílabas, parlendas, quadrinhas, literaturas… por meio de cada indivíduo, potencializamos o coletivo. Do primeiro ano, da Estilo de Aprender e da cidade de São Paulo. Infância: o agora e o infinito, intensamente!
Lucas Maia Benedetti e Vivian Lourenço