RASTRO 1º ANO MATUTINO
“Sertão é onde o pensamento da gente se forma mais forte do que o lugar”
Guimarães Rosa
Era manhã de quinta-feira, 30 de março de 2017. O frio na barriga era intenso, em adultos e crianças. A saída, inédita. Uma viagem! De um dia, ida e volta… viagem curta apenas no tempo do relógio. Primeira saída da escola com uma duração para além do meio dia e meio. Rotina escolar modificada, com retorno previsto para as 16:30 da tarde – lanche e almoço deslocados para uma outra geografia. Cintos fechados, olhares de ansiedade se entrecruzando, mochilas guardadas, motor ligado…e…porta que se fecha!
Fomos para o sítio do Reinaldo, produtor de alimentos orgânicos e pai de uma de nossas estudantes. Assim que chegamos, contamos com uma farta mesa de café da manhã, cada estudante pôde comer e conhecer o sítio à sua maneira singular de ser, estávamos abertos e abertas a outro ritmo do tempo-relógio, ao ritmo do tempo-sentido-atravessado-aprendizado, … andar, olhar e pisar o chão de terra. Logo pudemos ver crianças enfrentando com coragem e alegria, o desafio da distância de casa.
Não demorou muito, já estávamos dentro do galinheiro pegando ovo para o café da manhã… mais uma f(r)esta de tempo e os (as) estudantes já estavam pescando! É sobre saber esperar, conseguindo ou não pescar um peixe, é sobre a beleza de experenciar a paciência.
Fomos ao encontro dos aprendizados potentes que a natureza, com seu ritmo próprio, singularidades e cores vibrantes nos proporciona. Um encontro potente das relações!
O grupo colhe, o grupo planta, pesca, caminha, pisa o barro, eu-grupo pertenço. Lá não tem parede, tem um horizonte verde pra olhar, tem também o céu azul, acima de nós, para embelezar. É tanto significado novo, que fica difícil não se emocionar, um rastro que fica dentro, pertencendo àquele lugar!
Lucas Maia Benedetti, Vivian M. L. Lourenço e Filippe Dotte