Rastros

PRAÇA DAS CORUJAS

By May 25, 2017 April 21st, 2019 No Comments

RASTRO 1º ANO MATUTINO

 

“Qualquer curva de qualquer destino que desfaça o curso de qualquer certeza”
Arnaldo Antunes

 

O Grupo do 1º Ano Matutino ocupou alguns espaços públicos pertencentes à Praça das Corujas, localizada bem pertinho da Estilo. O motivo gerador: havia (e ainda há) uma plantação de Girassol bem próxima da praça. Com o Tema (“O Sertão e o Sertanejo”), estudamos quais são os componentes necessários para o plantio e desenvolvimento do Girassol. Por meio de observações e hipóteses científicas experenciadas pelos estudantes em sala de aula, concluímos que sem a combinação de terra, sol, água, oxigênio e sementes, o Girassol tende a não se desenvolver.

Pois bem, o plano era: observar esse plantio de Girassol, brincar e fazer um piquenique na praça, descer um ‘barrancão’ usando caixas de papelão, e instalar um varal de palavras – em que cada estudante escolheu escrever um elemento essencial para a vida do Girassol.

No entanto, viver o espaço público é também abrir-se para o imprevisto, o não-planejado… Ainda na Estilo, em nossa última roda antes de entrarmos na van, estávamos retomando os combinados estabelecidos no dia anterior para o passeio. Quando uma estudante nos pergunta: “Por que chama-se Praça das Corujas?”. Como não soubemos responder, devolvemos: “Temos hipóteses para responder a essa pergunta. Podemos pesquisar na internet… Mas vocês já pensaram que interessante seria se conversássemos com as pessoas que estiverem por lá e, oralmente, buscarmos a resposta? Vamos?”. Feito o convite, partimos!

E assim que chegamos, antes mesmo de nos organizarmos para conversar com as pessoas, fomos graciosamente surpreendidos pela ternura do ‘Seu João’, um sábio-senhor-conhecedor dos mistérios da praça. Ele não só respondeu a nossa grande dúvida, como também nos localizou no espaço-tempo de lá: o que era aquele lugar antigamente? Aquele lugar era tomado de árvores, uma verdadeira floresta, e disse ‘Seu João’: tinha uma família que morava lá com seus dois filhos e cuidava das corujas que visitavam a floresta a noite. Tudo muito diferente do que é agora, com um ar de saudosismo.

Viver o espaço público é (re)criar memórias – não só pedagógicas e curriculares –, mas sobretudo afetivas. É viver o ineditismo de conversar em grupo com um ancião do bairro/cidade. É pedir licença para delicadamente acessar suas memórias e seus vividos pretéritos.

 

Lucas Maia Benedetti e Vivian M. L. Lourenço