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UM CAFEZINHO QUENTINHO, POR FAVOR?

By | Desencadeia

“A economia circular consiste na criação de processos que permitam o reaproveitamento não só dos produtos, como dos insumos agregados à produção. É preciso acabar com o que chamamos de lixo, considerando todo material inserido em nossa sociedade como recurso útil e reutilizável.”
Mônica Messenberg, diretora de Relações Institucionais da Confederação Nacional da Indústria (CNI)

Esse modelo linear de produção que estamos acostumados, em que se extrai, utiliza e descarta, que gera desperdício e desgaste do planeta, tem um limite e está com os dias contatos, conforme contamos em um post anterior. Ao unificar as pontas da cadeia de geração e consumo, a economia circular tem a capacidade de transformar toda a economia, com impactos positivos para o meio ambiente e a sociedade como um todo.
Assim como canudos, copos e outras coisas descartáveis, as cápsulas de café entraram na lista de uso diário de muita gente. Porém, parece que ninguém pensa:

para onde todas essas cápsulas descartadas vão?

Além do uso de matérias-primas, as cápsulas de café são recicláveis na teoria, mas, na prática, é trabalhoso demais e não vale a pena o investimento. As cápsulas descartáveis são feitas de plástico, alumínio e um tipo de material orgânico. A reciclagem exige a separação desses materiais, sem falar que, no Brasil, apenas 3% do lixo reciclável é realmente reciclado.
Os problemas pareciam estar sendo resolvidos quando a Nespresso se colocou como pioneira em café em porções individuais da mais alta qualidade sustentável. Por meio do compromisso The Positive Cup™, a Nespresso atua na gestão sustentável do café, do alumínio e em práticas relacionadas ao clima com metas globais até 2020.
A marca conta com um Centro de Reciclagem, instalado na Grande São Paulo e que se dedica a reciclar as cápsulas de alumínio típicas do produto. A reciclagem, que teve início em 2011, tem investimentos da ordem de R$ 5 milhões anuais e, atualmente, recebe 22% de todas as cápsulas comercializadas. Após a reciclagem, as cápsulas se tornam latas de bebidas, bicicletas, além de novas cápsulas.
“Nossas ações focam em dar mais transparência ao nosso trabalho e à importância da destinação correta do alumínio, material infinitamente reciclável, e do pó de café, que se transforma em adubo”, explica Cláudia Leite, gerente de Criação de Valor Compartilhado e Comunicação Corporativa da Nespresso no Brasil.
Todas as informações sobre a Nespresso e o compromisso com sustentabilidade podem ser encontradas no site www.nespresso.com.

O alumínio, queridinho da reciclagem, requer até 95% menos energia no processo, além de manter suas propriedades inerentes, independente de quantas vezes seja reciclado.
O problema é que a empresa conta com pouquíssimos pontos de coleta de cápsulas no país, apenas em alguns estados, dificultando até para as pessoas que têm interesse em fazer essa devolução.
Além disso, as cápsulas da Nespresso, parte da multinacional suíça Nestlé, são as únicas realmente produzidas com 100% alumínio. A multinacional conta com as cápsulas de três camadas em suas outras linhas, que só são recicláveis na teoria, como a Nescafé Dolce Gusto. E, depois da queda da patente de exclusividade de produção de cápsulas para máquinas da Nespresso, surgiu uma leva de concorrentes que utilizam plástico na composição e podem ser usadas nas máquinas da marca.
Dessa forma, continua garantida a extração de papel, plástico e alumínio insana para produção e embalagem, além de milhares de cápsulas que vão parar em aterros sanitários e lixões, contribuindo com a emissão de CO2 e gás metano durante o apodrecimento das cápsulas a céu aberto.

Uma campanha da internet chamada #KillTheKCup mostra os danos causados pela produção e descarte dessas cápsulas e convoca as pessoas a entrarem nesse movimento.
Os vídeos são bem sensacionalistas e meio cômicos (infelizmente, não traduzidos, mas não se faz necessária a legenda), e, por isso, vale a pena assistir uma segunda vez cada um, com outro olhar. Quem sabe não muda o seu?

Vai, mundo!

@_desencadeia

DÉFICIT DE ENSINAGEM

By | Papo de Quintal

Na verdade, a questão é simples: de tanto a escola controlar, criar estereótipos, de tanto a escola fragmentar, formalizar, acabou criando modelos fechados de identidades que excluem qualquer pessoa que pretende ser diferente, fazer diferença no mundo. As apostilas nasceram dessa vontade de normatização, de homogeneização. Respostas únicas, aulas demarcadas, conteúdo aglutinado. Sintomas de problemas de aprendizagem. Sim, quanto mais se fecham as didáticas, mais aparecem os problemas. E os problemas, nesses modelos autoritários, como são os apostilados, são sempre dos estudantes: crianças e jovens.

Então, se refletirmos dessa forma, começamos a assumir que não é a criança, apenas, que tem uma dificuldade de aprendizagem, mas é a escola que tem um problema de “ensinagem”. Vai dar trabalho, escola, mas vale a pena! Porque educação é para todos e todas, para qualquer um, qualquer uma. Repense!

Por Marcelo Cunha Bueno

Inspirado pela mãe, professora, a imersão de Marcelo Cunha Bueno no mundo da educação começou aos 15 anos, como estagiário da Escola Viva. Aos 19, entrava na sala de aula como professor-auxiliar. Graduou-se em Pedagogia em 2007, pelo Instituto Singularidades (Isesp), e em 2012 fez uma especialização na Universidade de Harvard _ Mind, Brain, and Education (MBE) Program. Além de pedagogo, Marcelo cursou Psicologia na Universidade Mackenzie e é um curioso leitor e estudante de Filosofia, tendo participado de cursos de extensão e grupos de estudos sobre o tema no Brasil e na Argentina.

Em 2013, Marcelo criou a escola Estilo de Aprender, em São Paulo, da qual é diretor pedagógico. Coordena, na Estilo, o projeto Teia de Saberes, um espaço gratuito de qualificação e formação pelo qual já passaram mais de 1.000 professores de escolas públicas e particulares.

Foi apresentador do programa Vigiando a Vovó, na GNT, é colunista mensal da Revista Crescer, autor dos livros Sopa de Pai e Chão da Escola.

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SALA DO DIRETOR

By | Papo de Quintal

Telefone toca. Era uma mãe da escola. Ela estava preocupada, pois seu filho, de 7 anos, tinha ido para a sala do diretor. Esse diretor sou eu. Então, rindo, lhe digo: ele te contou o que veio fazer? Não, disse que tinha ido para a sua sala e eu fiquei muito preocupada, não escutei mais nada. Bem, é que ontem, não só ele, mas quatro crianças da sala dele, vieram. Mas, como? Ele está aprontando em grupo? Formação de quadrilha?

Minha sala tem brinquedo, sofá, livros, bonecos, internet para pesquisa. As crianças gostam de vir conhecer a minha sala para poder ver essa sala-casa de diretor.

Sabe, fulana, é que os tempos mudaram, pelo menos por aqui. Diretor não é essa figura burocrática, parecida com síndico de prédio! É agente de transformação educativa, é parceiro de trabalho de cada professor, de cada professora. Aliás, sou um professor!

Ele veio, sim, na minha sala. Voltará sempre que quiser! Então, quer dizer que está tudo bem com ele? Perguntou a mãe, desconfiada. Sim, pronto para te mostrar que a escola é um lugar generoso, acolhedor e diferente do que lembramos da nossa formação.

Por Marcelo Cunha Bueno

Inspirado pela mãe, professora, a imersão de Marcelo Cunha Bueno no mundo da educação começou aos 15 anos, como estagiário da Escola Viva. Aos 19, entrava na sala de aula como professor-auxiliar. Graduou-se em Pedagogia em 2007, pelo Instituto Singularidades (Isesp), e em 2012 fez uma especialização na Universidade de Harvard _ Mind, Brain, and Education (MBE) Program. Além de pedagogo, Marcelo cursou Psicologia na Universidade Mackenzie e é um curioso leitor e estudante de Filosofia, tendo participado de cursos de extensão e grupos de estudos sobre o tema no Brasil e na Argentina.

Em 2013, Marcelo criou a escola Estilo de Aprender, em São Paulo, da qual é diretor pedagógico. Coordena, na Estilo, o projeto Teia de Saberes, um espaço gratuito de qualificação e formação pelo qual já passaram mais de 1.000 professores de escolas públicas e particulares.

Foi apresentador do programa Vigiando a Vovó, na GNT, é colunista mensal da Revista Crescer, autor dos livros Sopa de Pai e Chão da Escola.

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PÉ NO CHÃO

By | Papo de Quintal

Quem conhece a Estilo sabe que o nosso espaço é uma delícia. Um convite para se viver, mesmo como adultos, uma infância diferente! Todo mundo anda descalço por aqui. Quer dizer, quem quiser. O corpo é de cada um, de cada uma. Nenhum professor ou professora usa uniforme. Desuniformizar para que a expressão do corpo seja sempre íntima e potente. Tinha uma professora que estava sempre descalça e uma mãe que estava sempre de salto. A mãe dizia que a professora não deveria andar descalça, pois isso revelava uma deformidade na essência feminina! Palavras da mãe! Pena que a mãe não ficou na escola! Com certeza, numa atividade com terra, água, aqui, iria entender que os pés descalços são livres para qualquer gênero!

Por Marcelo Cunha Bueno

Inspirado pela mãe, professora, a imersão de Marcelo Cunha Bueno no mundo da educação começou aos 15 anos, como estagiário da Escola Viva. Aos 19, entrava na sala de aula como professor-auxiliar. Graduou-se em Pedagogia em 2007, pelo Instituto Singularidades (Isesp), e em 2012 fez uma especialização na Universidade de Harvard _ Mind, Brain, and Education (MBE) Program. Além de pedagogo, Marcelo cursou Psicologia na Universidade Mackenzie e é um curioso leitor e estudante de Filosofia, tendo participado de cursos de extensão e grupos de estudos sobre o tema no Brasil e na Argentina.

Em 2013, Marcelo criou a escola Estilo de Aprender, em São Paulo, da qual é diretor pedagógico. Coordena, na Estilo, o projeto Teia de Saberes, um espaço gratuito de qualificação e formação pelo qual já passaram mais de 1.000 professores de escolas públicas e particulares.

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A ESCOLA É A CIDADE

By | Papo de Quintal

Todo mundo gosta de falar que escola não pode ter muros. O muro não é, lógico, o físico, mas o muro imaterial, a relação. As escolas reproduzem uma artificialidade em seus discursos sobre a cidade, sem conexão com a mesma. Bem, temos, lá na Estilo, várias ações que levam os estudantes a ocuparem a cidade que moram. Outro dia, as crianças de cinco anos foram dar uma volta pelo trem da Marginal Pinheiros. Olhar a cidade, conhecer formas diferentes para eles e elas de se locomover. Não para conhecerem o trem, mas para pensarem sobre o transporte coletivo. Outra turma, agora de crianças de 9 anos, foi pedalar pela ciclofaixa perto da escola. Sim! Transportes que têm de deixar de serem alternativos e passarem a ser opção 1 para nos locomovermos e nos relacionarmos com a nossa cidade. Ensinar a habitar, ensinar a olhar onde vivemos é romper esses muros. Afastamo-nos por medo, devemos nos aproximar por amor!

 

Por Marcelo Cunha Bueno

Inspirado pela mãe, professora, a imersão de Marcelo Cunha Bueno no mundo da educação começou aos 15 anos, como estagiário da Escola Viva. Aos 19, entrava na sala de aula como professor-auxiliar. Graduou-se em Pedagogia em 2007, pelo Instituto Singularidades (Isesp), e em 2012 fez uma especialização na Universidade de Harvard _ Mind, Brain, and Education (MBE) Program. Além de pedagogo, Marcelo cursou Psicologia na Universidade Mackenzie e é um curioso leitor e estudante de Filosofia, tendo participado de cursos de extensão e grupos de estudos sobre o tema no Brasil e na Argentina.

Em 2013, Marcelo criou a escola Estilo de Aprender, em São Paulo, da qual é diretor pedagógico. Coordena, na Estilo, o projeto Teia de Saberes, um espaço gratuito de qualificação e formação pelo qual já passaram mais de 1.000 professores de escolas públicas e particulares.

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#OCUPERESTAURANTE

By | Papo de Quintal

Adoro levar o meu filho ao restaurante! Sempre o levei! Desde bem pequeno. No começo, ele ficava dormindo, estendido em duas cadeiras ou num sofá. Depois que ficou mais velho, começou a se interessar pelos cardápios, não pela comida, mas por gostar de nos imitar lendo-os. Gosta de conversar com o garçom, vê-lo abrir o vinho e, principalmente, quando chegam os pãezinhos com azeite! É um deleite! Levo brinquedinhos para ele. Jamais eletrônicos. Fica brincando, come um pão, toma seu suco e conversa conosco. E gosto de ver outras crianças em restaurante também. Detesto lugares que impedem a vida real de ser vivida como ela é. Imagina uma praça que não pode mais idosos, uma escola só pra meninos? Essa ideia do mundo da criança, apartado do adulto, traz um distanciamento social sério (sim, claro que existem coisas de adulto e coisas de criança, mas estou numa esfera mais básica). Qual seria o lugar das crianças? No shopping? Confinadas nos clubes? Que espécie de pensamento é esse que afasta a possibilidade de crescermos nos lugares que a sociedade cria? Ir a um restaurante é uma forma de conhecer países, pessoas, culturas! Pelos pratos, pelos sabores e pelo afeto de sair para comer fora! E não estou falando de sair pra comer uma pizza ou hambúrguer. Isso, que falam que é pra crianças. Comida pra criança é comida boa, saudável, que merece ser feita pelos chefe da moda, nos restaurantes mais adultinhos. 

goo.gl/46pABC

Por Marcelo Cunha Bueno

Inspirado pela mãe, professora, a imersão de Marcelo Cunha Bueno no mundo da educação começou aos 15 anos, como estagiário da Escola Viva. Aos 19, entrava na sala de aula como professor-auxiliar. Graduou-se em Pedagogia em 2007, pelo Instituto Singularidades (Isesp), e em 2012 fez uma especialização na Universidade de Harvard _ Mind, Brain, and Education (MBE) Program. Além de pedagogo, Marcelo cursou Psicologia na Universidade Mackenzie e é um curioso leitor e estudante de Filosofia, tendo participado de cursos de extensão e grupos de estudos sobre o tema no Brasil e na Argentina.

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O QUE SE APRENDE QUANDO UM ALUNO DEIXA A ESCOLA?

By | Papo de Quintal

Será que as escolas pensam nos porquês de as famílias deixarem seus espaços em busca de novas alternativas? O que significa perder um estudante? Faço-me sempre tal pergunta. Muitas vezes, vejo educadores falando mal de famílias que abandonam suas escolas. Dizem que não entenderam a proposta, que não têm o perfil da escola, que são chatas e ninguém faz questão que fiquem. Normal. Mas seria bom se parássemos para nos repensar quando isso acontece. Porque a escola precisa sair de seu pedestal e se colocar no lugar de quem entrega a vida de suas crianças. Não digo que a escola deva fazer a vontade das famílias, mas que cada saída é um motivo para sermos diferentes. Procuro saber de cada família os motivos pelos quais abandona a minha escola. Sem rancor, ressentimento. Com gratidão, por me darem a chance de ser melhor.

Por Marcelo Cunha Bueno

Inspirado pela mãe, professora, a imersão de Marcelo Cunha Bueno no mundo da educação começou aos 15 anos, como estagiário da Escola Viva. Aos 19, entrava na sala de aula como professor-auxiliar. Graduou-se em Pedagogia em 2007, pelo Instituto Singularidades (Isesp), e em 2012 fez uma especialização na Universidade de Harvard _ Mind, Brain, and Education (MBE) Program. Além de pedagogo, Marcelo cursou Psicologia na Universidade Mackenzie e é um curioso leitor e estudante de Filosofia, tendo participado de cursos de extensão e grupos de estudos sobre o tema no Brasil e na Argentina.

Em 2013, Marcelo criou a escola Estilo de Aprender, em São Paulo, da qual é diretor pedagógico. Coordena, na Estilo, o projeto Teia de Saberes, um espaço gratuito de qualificação e formação pelo qual já passaram mais de 1.000 professores de escolas públicas e particulares.

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ECONOMIA CIRCULAR

By | Desencadeia

Vivemos em um planeta muito inteligente. Um grande organismo vivo que se autorregula em um processo cíclico. A energia é provida pelo Sol e tudo o que ”sobra” de uma espécie é alimento de outra (não existe lixo). Tudo nasce para depois morrer e se transformar em energia para o ambiente novamente. Um ciclo que funciona em harmonia.

Aí, aparece o ser humano para desequilibrar essa balança e atrapalhar os serviços ecossistêmicos que se suportaram ou se recuperaram.

Fred Gelli, fundador e diretor criativo da Tátil Design de Ideias e sócio fundador da consultoria estratégica Cria Global, apaixonado por biomimética, faz uma comparação perfeita de nossa situação em suas palestras:

Chegou a hora de reinventarmos nossa presença no planeta, e as novas marcas que aparecem já surgem a serviço desse processo evolutivo que a espécie humana precisa passar.

A economia circular, um conceito baseado na inteligência da natureza, surge como solução para minimizar o impacto humano no meio ambiente, pois propõe uma mudança em toda a maneira de consumir, do design dos produtos até nossa relação com as matérias-primas e resíduos.

Nosso sistema produtivo gera um grande acúmulo de resíduos e a exploração excessiva de recursos naturais, dois problemas que precisam ser revistos urgentemente!

Vivemos em um sistema linear que extrai, utiliza e descarta. A obsolescência programada gera resíduos que não recebem novos usos e se acumulam em lixões, aterros sanitários e no oceano. De acordo com dados do IBGE, cada brasileiro produz quase um quilo de lixo por dia, ou seja, são 183 mil toneladas diárias no país todo.

E, como dissemos anteriormente, o esgotamento de matérias-primas também é uma grande preocupação. De acordo com relatório da Ellen MacArthur Foundation, organização que estuda e estimula a adoção da economia circular, 65 bilhões de toneladas de matéria-prima foram inseridas no sistema produtivo mundial em 2010. O instituto projeta que, até 2020, essa quantidade terá subido para 82 bilhões de toneladas por ano.

O design tem um papel fundamental na transição para a economia circular, pois criará novas oportunidades de negócio, aumentará a reutilização e reciclagem, trará questões de segurança material e humana, e, por consequência, ajudará no desenvolvimento econômico sustentável.

Como seria possível mudar esse paradigma?

Novamente, “jogamos a conta nos designers”. E, sempre lembrando, designer somos todos nós, como escrevemos em um post anterior!

Existem ferramentas para o designer projetar de forma circular.

• O estágio inicial de design é o melhor momento para prolongar a vida útil de um produto e, quando se utiliza a ferramenta do design para longevidade, lidamos com duas questões: durabilidade física e durabilidade emocional.
Diretamente ligados às questões da obsolescência programada e percebida, existem alguns guias que podem ajudar a criar produtos com durabilidade física, como o tipo de material usado para aquela finalidade, acabamento, costura, encaixe, cola, qualquer tipo de acabamento que seja usado no produto para que ele seja adequado e que dure o máximo possível.
Ele pode ser projetado também com a ideia de conserto. Se projetar um produto que seja possível ser consertado conforme ele quebre, em que só algumas peças possam ser removidas para que elas sejam consertadas, esse produto tem uma vida útil mais longa.
Com relação às finalidades desse produto, também podemos pensar em algo que seja multifuncional, como um eletrodoméstico que pode cortar, picar, triturar, que tenha várias funções embutidas em um mesmo objeto. Isso faz com que o utilizemos muito mais vezes sem precisar de outros produtos e que mantenhamos por muito mais tempo por conta da sua utilidade.
Outra coisa que podemos ter em mente quando estamos desenhando um produto para longa duração é como o consumidor vai mantê-lo em casa e se conseguimos ajudá-lo a cuidar desse produto da maneira correta.
A durabilidade emocional está diretamente ligada com a conexão do consumidor com o produto, e faz referência e tem relação com as questões estéticas e atemporais do mesmo. Uma maneira muito eficaz é trazer o consumidor para perto da criação e da produção, e cocriar junto com ele o produto que ele mesmo vai consumir.

• Outra ferramenta é o design para serviço. O serviço supera o paradigma do produto e deixa de ser centralizado em um único bem. Ele transfere a posse de um produto para o acesso a esse produto, que é o que propõe a economia compartilhada e o consumo colaborativo. Não precisamos ter um produto contanto que tenhamos acesso a ele. O design de serviço propõe a criação de plataformas que possibilitem a transição desses produtos por várias mãos. Assim, não precisamos vender mil produtos para mil pessoas diferentes, podemos ter um produto que circulem por 1000 pessoas diferentes. Isso, claro, reduz a quantidade de recursos usados nas produções e possibilita o prolongamento da vida útil desse produto.

• Uma terceira ferramenta é o design para reuso na manufatura. Então, eu desenho produtos ou embalagens pensando numa segunda vida útil para elas, ou na reutilização ou retorno delas para a indústria, para que possam servir como embalagens ou produtos novamente para as pessoas.
Mas, para isso, temos de ter em mente algumas coisas. Precisamos ter um sistema de coleta e devolução dessas peças e que elas podem passar por pequenos processos, ajustes ou reparações e higienização, mas não voltam para a indústria para serem reprocessados de novo.
Um bom exemplo disso são as garrafas de vidro retornáveis, de bebida, refrigerante, cerveja e leite. Depois de usarmos, se dermos o destino correto para elas, podem ser higienizadas e voltam como embalagem para novos produtos por muitos ciclos. A reutilização dessas embalagens de vidro por muitos ciclos faz com que economizemos em até 95% nas emissões de CO2 na produção de vidros a partir de matéria-prima virgem.

• O design para desmontagem significa conceber produtos que sejam facilmente desmontados no final da sua vida útil, para que os componentes e as partes desmontadas deles possam ser reutilizadas em novos produtos ou novos ciclos.
Para isso, podemos usar alguns guias para desmontagem, como usar componentes facilmente separáveis no final, usar essas junções, colas, fechamentos que sejam facilmente destacados, prever tecnologias e ferramentas que possam ajudar na separação desses materiais.

• O design para recuperação de materiais é a última ferramenta que será apresentada, pois corresponde ao último percurso do design circular, que é a reciclagem.
A reciclagem pode vir de dois meios: do pré-consumo e do pós-consumo. Os resíduos pré-consumo são aqueles que são encontrados nas fábricas, que são rejeitados durante os processos de produção. E os resíduos pós-consumo são aqueles que são do descarte do consumidor, roupas e produtos que não querem mais e podem ser devolvidos para as lojas, para os fornecedores, ou coletados por outras empresas para que sejam reciclados.
Os produtos ou embalagens provenientes do pós-consumo precisam de um sistema de coleta, de separação, para que possam ser reprocessados novamente na indústria e transformados em novas matérias-primas.
Lembrando sempre que as alternativas de reciclagem atuais operam sobre bens de consumo que não foram projetados com este cuidado.

O que era fim é só um novo começo

Confira o vídeo da Fundação Ellen MacArthur que ilustra de maneira simples o que é economia circular.

A transição para uma economia circular não se limita a ajustes visando a reduzir os impactos negativos da economia linear. Ela representa uma mudança sistêmica que constrói resiliência em longo-prazo, gera oportunidades econômicas e de negócios, e proporciona benefícios ambientais e sociais. Um trabalho de criatividade e inovação que cabe a todos nós: governos, marcas e sociedade!

Vai, mundo!

@_desencadeia

DIA DA SOBRECARGA DA TERRA

By | Desencadeia

De acordo com a Global Footprint Network, organização internacional pioneira no cálculo da Pegada Ecológica, foi em 29 de julho de 2019 que a humanidade esgotou os recursos naturais que o planeta é capaz de renovar em 2019.

O Dia da Sobrecarga da Terra marca a data a partir da qual o consumo de recursos naturais ultrapassa a capacidade de regeneração dos ecossistemas para esse ano. Nos últimos 20 anos, essa data já se antecipou 3 meses, quando, neste ano, tivemos o tempo mais curto já registrado desde que o planeta entrou em déficit ecológico no início dos anos 70. Em outras palavras, atualmente, a humanidade usa os recursos equivalentes de 1,75 planetas Terra.

Para determinar a data do Dia da Sobrecarga da Terra para cada ano, a Global Footprint Network calcula o número de dias desse ano para que a biocapacidade do planeta (quantidade de recursos ecológicos que a Terra é capaz de gerar naquele ano) seja suficiente para suportar a Pegada Ecológica da humanidade. A Pegada Ecológica contabiliza toda a área biologicamente produtiva necessária para suportar as necessidades de um indivíduo ou a população de uma dada região em termos de alimentação, fibras, produtos florestais, sequestração de carbono e área para infraestruturas. Assim, o Dia da Sobrecarga da Terra é calculado dividindo a biocapacidade do planeta pela Pegada Ecológica da humanidade (demanda da humanidade para aquele ano) e multiplicando por 365 o número de dias em um ano. O restante do ano corresponde ao overshoot global.

Estamos esgotando o capital natural do nosso planeta, comprometendo ainda mais a capacidade regenerativa no futuro. Os custos deste excesso tornam-se cada vez mais evidentes em todo o mundo, sob a forma de desflorestação, erosão dos solos, perda de biodiversidade e acumulação de dióxido de carbono na atmosfera, levando a alterações climáticas e a secas, incêndios e furacões cada vez mais graves e violentos.

E o nosso impacto degenerativo continua crescendo. A maneira como consumimos e o que consumimos está completamente ligada aos impactos negativos que o planeta vem sofrendo. Precisamos desfazer o dano que fizemos onde isso ainda é possível (para dezenas de milhares de espécies que levamos à extinção por nossas ações, já é tarde demais!). Precisamos de diversas culturas regenerativas em todos os lugares.

Como podemos mudar esta data?

 

Se o Dia da Sobrecarga da Terra fosse adiantado 5 dias todos os anos até 2050, seria possível retornar ao nível em que usávamos os recursos de um só planeta. Existem diferentes maneiras de reduzirmos nosso impacto no mundo, segundo Eloisa Artuso, diretora educacional do Fashion Revolution Brasil e professora de Design Sustentável na Escola São Paulo:

– Atualmente, as emissões de carbono representam 60% da Pegada Ecológica da humanidade. A redução de 50% do componente de carbono da Pegada Ecológica moveria 93 dias, ou seja, mais de 3 meses, e o consumo de 1,7 planeta passaria para 1,2.

– Ao reduzir o uso de carros em 50% em todo o mundo e assumir que um terço serão substituídos por transporte público e o restante por ciclismo e caminhada, seriam ganhos 12 dias.

– Se 50% do consumo de carne for substituído por uma dieta vegetariana, a data se moveria 5 dias.

– Se cada 2 famílias do mundo tivessem 1 filho a menos, se moveriam 30 dias até 2050.

– Se o desperdício de comida no mundo fosse reduzido pela metade, se moveriam 11 dias.

Pesquisadores da Global Footprint Network e da Schneider Electric estimaram que, caso fossem implementadas diversas tecnologias atualmente disponíveis em edifícios, processos industriais e na produção elétrica, a data poderia ser movida por, pelo menos, 21 dias, sem qualquer perda de produtividade ou conforto.

Segundo Daniel Christian Wahl, autor do livro “Designing Regenerative Cultures”, uma pequena proporção da humanidade (os 15% mais ricos da população mundial, por renda e riqueza) tem causado a maior parte do dano, enquanto toda a humanidade sofre as consequências. Seguindo alguns passos na Global Rich List, podemos ter mais claro quais países são os maiores contribuintes para estes danos.

O “Earth Overshoot Day” (Dia da Sobrecarga da Terra) tem se movimentado para ser cada vez mais cedo a cada ano. Ou seja, estamos piorando as coisas a cada ano ao invés de restaurar as funções saudáveis ​​dos ecossistemas e criar diversas culturas regenerativas em todos os lugares.

É hora de construir um movimento global para “mover a data” e acabar com a sobrecarga! Se você quiser se envolver em uma campanha global para compartilhar soluções sobre como #MoveTheDate, a Global Footprint Network acaba de tornar isso possível. Confira o mapa aqui.

Clicando aqui, você pode calcular uma estimativa aproximada da sua própria pegada ecológica. O resultado pode ser assustador, mas incentivador ao mesmo tempo!

Vai, mundo!

@_desencadeia

AQUAFIL

By | Desencadeia

A reciclagem é um processo essencial para consertarmos os erros que cometemos até então. Extraímos matérias-primas da natureza para a fabricação de produtos e chegamos a um ponto em que não temos mais onde colocar toda essa sobra, depois de descartada. Por meio da reciclagem, a transformamos em algo novo e diferente, seja por upcycling ou downcycling.

Mas existem outros processos que nos permitem não mais precisar extrair da natureza para produzir algo. A regeneração é um deles!

A empresa italiana Aquafil criou o fio de nylon regenerado Econyl, produzido a partir do nylon descartado nos aterros sanitários e oceanos pelo mundo. Exatamente igual a um fio de nylon novo, pode ser reciclado e reutilizado quantas vezes for preciso. Segundo a Aquafil, a regeneração trabalha na oposição da reciclagem, pois atua em um circuito fechado, ou seja, o fio de nylon pode ser regenerado e renascido inúmeras vezes, sem perda de qualidade. Assim, podemos criar e comprar novos produtos sem ter que usar novos recursos, fechando o ciclo e desencadeando infinitas possibilidades aos designers, afinal, são eles que mudarão o mundo!

Além de ajudar a manter os resíduos fora dos oceanos e aterros sanitários, o uso do nylon regenerado diminui a utilização de combustíveis fósseis (o nylon virgem é derivado do petróleo) e reduz pela metade a quantidade de emissões de carbono em comparação com a produção de nylon.

A Aquafil trabalha também pela regeneração de redes de pesca descartadas e pela reciclagem de carpete: o mundo descarta milhões de toneladas de carpetes todos os anos, e a maioria é aterrada ou incinerada (atualmente, menos de 5% é reciclada). Dessa forma, a empresa transforma resíduos em larga escala, fazendo com que redes de pesca retiradas do oceano e carpetes retirados de prédios de escritórios demolidos voltem a ser novas fibras, prontas para renascerem em novos produtos.

A marca oferece incentivo aos pescadores para entregar e descartar adequadamente as redes de pesca gastas, mantendo-as fora do mar. Em uma parceria com a ONG Healthy Seas Initiative, mergulhadores vasculham o fundo do oceano à procura de redes de pesca velhas descartadas, reduzindo cerca de 640.000 toneladas deste material que estão à deriva nos oceanos e que representam uma ameaça constante à vida marinha.

Essa poliamida regenerada é usada para produzir uma ampla gama de produtos têxteis para moda praia, moda esportiva, roupa de banho e tapetes. A Outerknown, uma marca de roupas 100% sustentável, do surfista Kelly Slater em parceria com o renomado designer de moda masculina John Moore, aposta em tecidos diferenciados e inovadores que possam fazer parte de uma cadeia sustentável, como é o caso da coleção Evolution Series, cujas jaquetas e bermudas são produzidas com um tecido especial, vindo de Econyl.

A marca de jeans Levi’s Strauss & Co. já havia introduzido novas tecnologias para diminuir o consumo e reciclagem da água nos processos de tingimento e lavanderia em suas fábricas e incentiva as pessoas a não lavarem com frequência suas peças jeans. Agora fez uma parceria com a Aquafil, em que o Econyl é incorporado no jeans Levi’s 522 masculino, com uma composição de 61% algodão, 38% poliamida (Econyl) e 1% elastano.

Aquafil, agradecemos o dispêndio em tecnologia. Sabemos que custa dinheiro investir em pesquisas, mas é um bem necessário!

Outerknown e Levi’s, agradecemos a participação!

Vai, mundo!

 

@_desencadeia