Mais uma experiência incrível que vivemos juntos e juntas! Nossa ida ao MASP – Museu de Arte de São Paulo – possibilitou às crianças concretizarem os conceitos estudados na Escola!
Impressionamo-nos em ver como se apropriaram das ideias de curadoria e acervo! A exposição temporária foi realizada em uma exposição histórica sobre a adoração dos cavaletes e a exposição temporária “Histórias da Infância”.
No vão livre, se experimentaram como construtores!
O que está acontecendo é o trabalho da Lina Bo Bardi que nos convidou a conhecer, em uma saída cultural, a Casa de Vidro – Instituto Lina Bo e PM Bardi.
Estamos ansiosos e ansiosos para as próximas últimas saídas!
A Estilo é composta de muitos tempos… Tempos passados e tempo presente. Por aqui, se misturam e formam passagens, caminhos abertos repletos de idas e vindas. Formamos, em coletivo, muitas pegadas, marcas e inspirações que nos chegam por aqueles e aquelas que vivem a Estilo agora e por aqueles e aquelas que, um dia, passaram por aqui. Por isso, dizemos que escutar e dar vozes às ideias de cada criança, seus pensamentos, suas disponibilidades, suas colocações, é o que nos fazem presentes em suas autênticas ações/construções no tempo… Por isso, também dizemos que nosso currículo não é apenas uma representação teórica consistente, mas está aberto a múltiplas marcas. O nosso currículo tem, portanto, a cara de cada um dos nossos estudantes e das nossas estudantes!
Na prática, é a partir do espaço que chamamos de “Ex-tilo” que podemos fazer valer narrativas plurais. Desta vez, convidamos a Clara Pires – ex-estudante da Estilo (de 2005 a 2012) e estudante atual do 8º Ano do Ensino Fundamental II – para conversar sobre um tema de seu interesse com o 5º Ano. Clara tem estudado a Pirâmide alimentar e foi esse o assunto escolhido por ela para a aula que preparou.
O encontro, aqui na Estilo, foi muito interessante para todas e todos que estiveram envolvidos. Ver nossas antigas e antigos estudantes ganhando mundo, se preparando para oferecer àquelas e àqueles com quem compartilham a experiência de terem caminhado por todo o Ensino Fundamental I numa mesma escola – que, nesses momentos, se desdobra em tantos outros afetos – é uma experiência intensa para nós. Clara pode contar ao 5o Ano um pouco da sua experiência ao iniciar o Ensino Fundamental II em uma nova escola, experiência da qual se aproximam essas e esses nossos estudantes. Fizemos uma Roda de conversa e Clara foi contando um pouco de si e também de algumas amigas e alguns amigos com quem manteve contato: como foram as novas amizades, as professoras, os professores e atividades curriculares, como acontecem as avaliações, como eles foram traçando seus caminhos nesses novos territórios-escola.
Depois partimos para a aula: munida de suas anotações, Clara explicava o assunto, seus principais conceitos, fazia anotações na lousa e pedia a contribuição das estudantes e dos estudantes nesse seu exercício brincante de ensinar como as professoras e os professores escolares fazem. Ao final das explicações e conversas, nos contou que havia preparado uma avaliação sobre o conteúdo apresentado: algumas questões de testes e outras dissertativas. Quando todas e todos responderam, ela explicou como seria feita a avaliação, corrigiu cuidadosamente cada uma e anotou devolutivas pessoais sobre o desempenho de cada uma e cada um dos estudantes, que as recebiam orgulhosas e orgulhosos!
Assim construímos espaços-potências, espaços-afetos, sem fronteiras, espaços ENTRE. Entre escolas, entre estudantes, entre experiências, espaços do imprevisível, espaços de ENCONTRO!
Uma voz – Ferreira Gullar
Sua voz quando ela canta
me lembra um pássaro mas
não um pássaro cantando:
lembra um pássaro voando.
Thais Tallo (Coordenadora Pedagógica do Fundamental da Estilo) e Alice Pecci Jimenez (Professora do 5º Ano)
Chegamos à metade do 2o Ano! Nosso Passeio no entorno aconteceu no final do mês de junho, e aproveitamos para ritualizar e comemorar o final de um semestre bem vivido, repleto de experiências, parcerias, amizade, amadurecimento e intensidades.
Fizemos nosso piquenique de finalização fora da escola, na Praça das Corujas! Cada criança levou um prato para compartilhar; dividimos os sabores, comemos juntos!
Além de desfrutarmos dos sabores, pudemos parar e sentir o tempo. Tempo de correr, tempo de brincar, tempo de escalar os barrancos da Praça e de descer em uma caixa de papelão, que, para nós, era um caprichado trenó feito de madeira.
Brincamos, conversamos com as pessoas que por ali passavam, desfrutamos desse tempo juntos! Muitos dos que estavam lá se contagiaram com a nossa finalização do período, do semestre, de um ciclo bonito que vivemos nesses 5 meses…
Foi um tempo vivenciado de maneira peculiar por cada um e cada uma dos estudantes do 2o Ano, que, agora estão prontos para dar uma pausa…
Passarinhar na praça é … Se esconder de cachorros. Pisar na grama. Siga como formigas. Olhar folhas. Pegar Pedras. Juntar galhos. Ficar bem perto. Saltar de brinquedos. Correr mais rápido. Chutar bola. Pular corda. Desenhar com a Mari. Chutar pedras. Levar a Tutibela para uma gangorra. Mostrar o que já sabe. Inventar brincadeiras. Chamar para uma conversa. Corrida Apostar. Pisar nas raízes. Descer não escorrega. Emprestar a Tutibela. Mudar de brincadeira. Estar junto. Mudar de nome e de personagem. Brincar de casinha, futebol, circo, gangorra e não trepa-trepa. Ficar só. Colar de passarinhos com o Luca. Bem. Andar nas linhas das muretas. Fazer piquenique. Sentir-se seguro. Estar tranquila Estar tranquilo. Estar na praça. Estar na escola.
O 1º Ano Vespertino fez mais que sair da escola. Passarinhou Passeou pela cidade. Passou pelos muros e ganhou asas. Você não tem fotos da cidade cinza. Coloriu o espaço deixando para trás uma revoada de passarinhos que vão “en-cantar” quem os encontrar.
Nesta tarde, antes de sairmos para a praça, a dúvida ainda pairava em forma de pergunta. Mas como explicar que Educação é relação? Como exemplificar que, na relação entre duas ou mais pessoas, ocorre o “ato de educar”?
Uma única situação levantou perguntas e trouxe suas respostas. No passeio do G5V a uma praça da cidade, ficou claro que o que existe entre educação e relação é uma máxima a ser perseguida. Digo isto porque vi, ouvi e senti adultos e crianças dividindo o tempo que têm juntos em um mesmo espaço.
Vi corpos, grandes e pequenos, subindo e descendo de brinquedos. Correndo e sorrindo, cada qual com seus ensaios de saltos no chão enraizado da praça. Vi gente achando galhos e gravetos, motivos e ideias para acender uma fogueira.
Ouvi nas conversas a intimidade de risadas soltas e próximas. Crianças chamando adultos, e vice-versa, para mostrar o que viram, acharam e acham sobre o céu, sobre a praça, sob a pedra e sobre pedras.
Senti os frios na barriga das subidas no muro. Senti a valentia de ir mais longe. Senti o doce da banana na toalha do piquenique. Senti vontade de ser professor e ter uma turma para viver junto. Senti alegria de ter, numa praça da nossa cidade, a possibilidade de dar contornos à tarde de estudantes da Estilo. Senti tudo isso em relação às crianças, em relação aos adultos, em relação à educação.
Nossa opção por trabalhar com expressões artísticas que utilizam a cidade como suporte nos levou a estudar algumas formas e técnicas de intervenção urbana, entre elas, o Estêncil, o Adesivo (sticker art) e o Lambe-lambe. Tivemos como intenção dar voz às crianças e fazê-las refletir coletivamente sobre as relações pessoais, sociais e estéticas do entorno pelo qual circulam, mas, acima de tudo, fazer com que se atentem à comunicação urbana em espaços públicos que trazem ao cotidiano mensagens que subvertem o “status quo” da sociedade.
Para tanto, não faria o menor sentido se não extrapolássemos os muros da Escola, se não ganhássemos o espaço público das ruas, da nossa própria cidade! Então, levamos nossos bichos cavernícolas (dos estudos de geografias), transformados em lambe-lambe, para habitar paredes alheias – não seriam nossas também? – e colorir nossa urbe.
Um Tema pode ser construído, constituído, elaborado de diferentes formas. Por meio da escuta de estudantes, pela autoria do professor e da professora. Com atividades, sequências, repertórios, referências, discussões, apreciações, didática, relações, registros, reflexões, perguntas e respostas. Ufa! Ferramentas que a Escola nos dá para tal. Mas, e quando não conseguimos localizar na pedagogia o Tema? E quando as estratégias já não dão conta do alcance do que se vive e já não podemos chamar mais de “sequência”, “didática”, ou outra artimanha escolar?
No passeio ao Museu de Geociências, o Grupo 4 Vespertino viveu esta experiência. Na exposição sobre a Grécia Antiga, onde objetos e construções eram reconhecidos e nomeados pelas crianças – o elmo, os templos, as vestimentas do soldado, os desenhos nos vasos –, estudantes da Estilo circulavam e requisitavam a todo instante Ricardo, Maiara e Rose para lhes mostrar o que haviam re-descoberto ali. Como arqueólogas e escavadores, como etnólogos e historiadoras, observaram objetos carregados de sentidos de Tema e histórias de humanidade.
Ao sairmos da exposição, nos encaminhamos à Praça do Relógio para um piquenique. Chegando, fomos em direção a uma área repleta de grandes pedras, situada em uma elevação no vasto gramado que é lá. Corridas, escaladas, gravetos, galhos, pedras. O ambiente era convidativo a achados preciosos e aventuras homéricas.
Porém, a cena resume o dia. Condensa e traduz a escola que queremos em um momento. Todas as crianças correram em direção às pedras elevadas e começaram a escalar e se acomodar naquele monte. E, como se olhassem por entre nuvens e limbos um outro mundo, o mundo real do faz-de-conta, disseram: “Chegamos ao Monte Olimpo!”.
Ali, naquele momento, Tema e corpo, conceitos e espaço, infância e escola fizeram um único sentido. Inapreensível aos termos, compreensível pela sensação de estarmos fazendo a coisa certa.
Sair com escola é crescer. E, neste dia, fui num estúdio de fotografia! Quem abriu o portão pintado de azul foi o Pedro. Com um sorriso de sua altura, “o fotógrafo” recebeu como crianças já ouvidas de outros tempos. Uma casa / médico acolheu como as primeiras e as melhores pelo corredor. Os cômodos amplos foram explorados e visitados por corpos curiosos e destemidos.
Pedro foi apresentando o espaço. Primeiro, o camarim, com espelhos e luzes, que ganharam ares de novidade como se nunca foram vistos vistos. Em seguida, fomos apresentados à sala com os equipamentos fotográficos. A fotografia branca, pé direito alto – mais de cinco metros – máquinas fotográficas, tripés e outras coisas que nos foram sendo mostradas e explicadas. A sensação de infinito na branquidão da parede, que não tem rodapé com o chão, mas sim uma curvatura … virou escorregador!
Entre rolos de filmes e “flashes”, quando muita conversa tinha sido desenrolada já, chegou a hora de fazer mais Tema! Chegou a hora de manusear uma “máquina do Pedro”! Cada um pode decidir com quem e como tirarem fotos. Quem acabou de sair da casa e encontrando esconderijos nos quintais escondidos atrás das árvores.
Entre os momentos clicados e que ficaram gravados para sempre, uma memória que se tornou um dia não pode ser capturado: sair da vida, conhecer e viver uma vizinhança, estar na cidade e crescer rodeado de parcerias e afeto.
Mãos, corpos, gestos, sons, narrativas, afetos. Um cenário-praça para dar contorno ao Passeio no Entorno. O Grupo 5 Matutino saiu da Estilo e ocupou a cidade.
Na chegada, a fala cedeu lugar ao lugar. Explorando o espaço, foram descobrindo pedrinhas e brincadeiras, balanços e frios na barriga, trepa-trepas e a altura que é mais alta quando estamos em outros quintais. Habitada, a praça se tornou extensão da Estilo. Ambientada, a praça se tornou propícia ao Tema. De visita marcada, as crianças receberam o ilustre dançarino, ou seria o contador de histórias? Pelo que se viu, e se ouviu, e se dançou naquela praça, achamos que ele era os dois ao mesmo tempo. Embalado por um ritmo milenar, suas mãos provaram que o corpo fala ao gestualizar o que se pensa. E a plateia, com seus corpos, provou que também se escuta, ouvindo “dançantemente” o silêncio dos dedos.
Brincar, dançar, viver. Na praça, na escola, na cidade, dá fome! O céu de um azul esticado nos dias de outono era como uma claraboia entre copas de árvores. Em nossa toalha, esticada sob este azul, coube o lanche que, segundo as crianças, estava “o mais gostoso do mundo”. A frase, que não simboliza tudo o que foi vivido naquela manhã, revela algo: afeto. O lanche fica gostoso porque se come ali. As pedras ficam importantes por estarem lá. A dança/história que é possível pelo espaço.
Ao sair da escola, criamos intimidade com o espaço público. Sair da escola é crescer, amadurecendo o sentimento de pertencimento, por meio de ocupações afetivas da cidade. Naquela manhã, sinto que amadurecemos um pouco mais estas ideias.
Neste dia, descemos até a praça. Muitas ideias acompanhavam estudantes bem articulados sobre suas produções e os motivos para sair da Estilo. “Viemos enfeitar a praça!”, “ Vamos deixar um presente para a cidade!”, “Vamos oferecer suco para as pessoas, ao invés de vender alguma coisa!”. Uma roda de conversa sob as enormes copas que sombreavam os locais escolhidos para as intervenções.
Munidos com materiais tão próprios à nossa rotina escolar – barbante, tesouras, tecidos e caixas de madeira –, iniciaram as ações. Instalações com ares mambembes habitaram os gramados e transformaram o tempo de quem por ali passava. Duas barraquinhas de suco acolhiam as garrafas cheias de afeto e suco, e um dinheiro sem valor, mas muito valoroso, cobria os gostos de quem bebia. Do outro lado, um varal que recebia a amarração de desenhos escritos/das escritas desenhadas, com seus nós ainda em estado de aprendizagem.
A praça se encheu mais ainda de vida, com crianças em seus uniformes coloridos convidando a uma pausa para um suco, ou deixando suas marcas por meio de palavras e traços coloridos nas árvores. Naquela manhã, uma intensidade rompeu com o passeio cotidiano de cães e pessoas. Seus trajetos tiveram que ser refeitos, por força do convite, por força da novidade que estava sendo.
Ali, naquela praça, para estudantes e transeuntes, reescrevemos o mapa da cidade. Geografia de afetos. Engenharia Literária. Arquitetura dos desejos. Pode não aparecer nos catálogos e índices de algum lugar. Mas estava lá. Na rota dos olhares que se depararam com um tesouro que não estava escondido. Estava exposto. Ao sol, à chuva, à mulher que sorriu ao ler, à pessoa que encontrou a outra em meio a traços e cores.
Na singularidade do desenho e da escrita, em afetuosos oferecimentos, acariciamos o espaço e os paladares de quem ali estava, e, assim, estreitamos nossos vínculos com a cidade. Estamos mais íntimos agora.